ATA DA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 01.12.1998.

 


Ao primeiro dia do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no auditório do Colégio Pão dos Pobres Santo Antônio, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezoito horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Irmão Valério Menegat, nos termos do Projeto de Resolução nº 29/97 (Processo nº 2942/97), de autoria do Vereador João Dib. Compuseram a MESA: o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Vanesca Buzelato Prestes, Diretora da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor João Batista Pereira, representando o Tribunal Regional do Trabalho; o Senhor Albino Pansera, Presidente da Federação Brasileira das Associações La Salle - FEBEL; o Irmão Valério Menegat, Homenageado; o Vereador João Dib, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Dib, em nome das Bancadas do PT, PTB, PSDB, PMDB, PFL e PPS, discorreu sobre fatos da vida e do trabalho realizado pelo Irmão Valério Menegat à frente do Colégio Pão dos Pobres, destacando a dedicação e a competência sempre demonstradas pelo Homenageado na busca de meios para a manutenção dessa Instituição, de modo a garantir assistência educacional aos jovens carentes da Cidade. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome da Bancada do PSB, salientou a justeza da homenagem hoje prestada pela comunidade porto-alegrense ao Irmão Valério Menegat, através da concessão do Prêmio de Educação Thereza Noronha, tecendo considerações acerca da importância da atuação dos irmãos lassalistas junto a instituições de ensino cuja qualidade é reconhecida internacionalmente. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, externou sua alegria em participar da presente solenidade, ressaltando a excelência do trabalho realizado pelo Irmão Valério Menegat, no sentido de oportunizar o resgate da cidadania a crianças e jovens, através do ensino fundamental e profissionalizante ministrado no Colégio Pão dos Pobres. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, procedeu à leitura de trechos das Sagradas Escrituras e discorrendo sobre a contribuição social proporcionada pelo Homenageado, com as atividades de formação educacional e profissional oferecidas pelo Colégio Pão dos Pobres. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador João Dib a proceder à entrega do Diploma referente ao Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Irmão Valério Menegat, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Prêmio recebido. Em continuidade, foi realizada apresentação de nú-mero musical pelo Coral Meninos Cantores de Porto Alegre do Pão dos Pobres, sob a regência do Maestro Otto Follmann. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelo Vereador João Dib, Secretário "ad hoc". Do que eu, João Dib, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Irmão Valério Menegat, nos termos do PR    029/97, sendo proponente o Ver. João Dib. Hoje esta Sessão Solene se realiza nas dependências, no auditório do Colégio Pão dos Pobres Santo Antônio.

Convidamos, para compor a Mesa, a Sr.ª Vanesca Buzelato Prestes, Diretora da FESC, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Irmão Valério Menegat, nosso homenageado; o Dr. João Batista Pereira, representante do Tribunal Regional do Trabalho; o Sr. Albino Pansera, Presidente da Federação Brasileira das Associações La Salle – FEBEL.

Estão presentes os Vereadores Carlos Garcia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel e o proponente, Ver. João Dib.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: No início de todas as Sessões Solenes começamos sempre com o Hino Nacional Brasileiro para demonstrar a importância do ato que realizaremos e do reconhecimento que será feito, a importância que ele tem para toda a sociedade, que é representada pelos 33 Vereadores dentro da Câmara Municipal.

Não é a primeira vez que Câmara Municipal presta uma homenagem a esta Instituição, onde nos encontramos neste momento, ou a pessoas que dela fazem parte. Nós já tivemos, graças a Deus, lampejos de sorte, pois, em vários momentos da vida da Câmara Municipal, pudemos reconhecer o trabalho realizado pelo Instituto Pão dos Pobres, homenageando várias pessoas, como o Irmão Arnaldo, a quem temos uma grande satisfação em sempre tê-lo presente, como o Irmão João Bagio, que faz um trabalho maravilhoso dentro desta Instituição.

Quando, neste ano, o Ver. João Dib, que é um Vereador respeitado e admirado por todos nós da Câmara Municipal, propôs esta homenagem ao Irmão Valério, fazendo com que ao invés de levarmos os amigos até a Câmara Municipal, nós trouxéssemos a Câmara até esta Instituição, achamos formidável a idéia, porque acreditamos que a Câmara Municipal deva, muitas e muitas vezes, sair de dentro da sua sede para ir homenagear pessoas e instituições que são muito importantes para a nossa sociedade.

Acredito que este momento que estamos vivendo aqui, no Instituto Pão dos Pobres, esteja sendo um dos pontos mais altos que já vivemos no nosso Legislativo. A Câmara, que é a representante legítima de toda a sociedade, tem a obrigação de fazer reconhecimentos como este que hoje está sendo feito ao Irmão Valério Menegat e como tantas e tantas vezes já fez a outras pessoas e a esta Instituição Pão dos Pobres. Nós temos a obrigação de fazer esse reconhecimento porque temos que mostrar à sociedade quais são os seus maiores destaques, porque esses exemplos fazem com que, muitas vezes, a sociedade passe a agir de uma ou de outra maneira.

Quantos exemplos já foram tirados do trabalho realizado aqui dentro do Pão dos Pobres? Quantos exemplos de caridade, de bondade? Quantos exemplos de solidariedade, de mão estendida, de trabalho real em prol daqueles que mais precisam, de fazer com que as nossas crianças sejam bem formadas, que tenham melhores oportunidades? Hoje, nós nos sentimos orgulhosos.

Quem já esteve presente nas Sessões Solenes da Câmara Municipal sabe que, pela atuação dos Vereadores, é um dia normal de trabalho. Nas terças e quintas-feiras, dias em que são realizadas Sessões Solenes, os Vereadores estão trabalhando nas diversas Comissões da Casa – só as Comissões Permanentes são seis - então, é muito difícil conseguirmos atingir um número elevado de Vereadores prestigiando uma Sessão. Hoje nós vemos, aqui no Pão dos Pobres, cinco Vereadores presentes, o que significa que a Câmara tem, por esta Instituição, um alto conceito, assim como toda a sociedade porto-alegrense e todo o Rio Grande do Sul. O grande valor do Irmão Valério decorre de todo um trabalho realizado por ele.

Vou revelar um segredo do Ver. João Dib: ele fez questão de vir entregar este título ao Irmão Valério hoje, dia 1º de dezembro, porque amanhã, dia 2 de dezembro, o Irmão Valério estará completando mais um ano de vida e, então, esta homenagem que está sendo prestada hoje, pela Câmara Municipal, representando toda a sociedade porto-alegrense, é uma homenagem também por seu aniversário, e tenho certeza de que toda a Porto Alegre reverencia este grande trabalho do Irmão Valério e de toda esta Instituição, do Irmão Arnaldo e de toda esta Instituição, do Irmão Bagio.  Todos nós dizemos, ao Pão dos Pobres: muito obrigado pelo muito que os senhores realizam em prol da nossa sociedade, em prol das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Muito obrigado de todo o coração. (Palmas.)

O Ver. João Dib, proponente desta Sessão, falará em nome das Bancadas do PT, PTB, PSDB, PMDB, PFL e PPS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Confesso que, quando pretendia homenagear esta figura extraordinária de educador, eu também me senti um pouco homenageado, pois quando o nosso homenageado tinha cinco anos, eu estava deixando o Ginásio do Carmo, onde ele viria a ser Professor e Vice-Diretor. Portanto, a homenagem que ele recebe, eu sinto que é um pouco minha, porque a minha satisfação é tão grande que eu me sinto muito feliz. E naquele Ginásio extraordinário eu aprendi muitas coisas: aprendi a viver, aprendi a respeitar a vida, aprendi a respeitar os meus semelhantes.

Lembro-me, com carinho, do meu primeiro professor, o Irmão José; depois, o Irmão Martin; o Irmão Arnaldo, meu mestre, meu amigo, que foi Irmão-Prefeito; também lembro do Irmão Constâncio; do Irmão Basílio; do Irmão Aldo; do Irmão Guilherme; do Irmão Armando, que foi quem mais marcou, provavelmente, a todos nós, porque foi nosso professor nas 3ª e 4ª séries. Mas lá, naquele Ginásio, eu aprendi tudo o que hoje sei, tudo o que hoje sou. Sinto-me realmente orgulhoso em poder homenagear essa figura extraordinária.

Não preciso dizer, neste Plenário, das qualidades do Irmão Menegat, um homem voltado à educação, que recebe um prêmio que leva o nome de uma extraordinária professora que dedicou toda a sua vida à educação e tem seu nome conhecido no Brasil e fora dele.

Mas o nosso Irmão Valério, dirigindo esta extraordinária casa, que é o Pão dos Pobres, passa por momentos de dificuldades, porque tem que cuidar deste patrimônio, que é da Cidade, do Estado, do País, e não está recebendo todo o apoio que deveria receber.

O Irmão Valério, com as dificuldades que o Pão dos Pobres enfrenta, recolheu todos os meninos do Lar Santo Antônio dos Excepcionais.

Dificuldades existem para serem superadas, me disse o Irmão Valério quando entrei aqui; mas é preciso que haja fé, consideração da sociedade e respeito por aqueles que superam as dificuldades. O Irmão Valério sabe fazer isso. Claro que com a proteção de Santo Antônio, com a proteção de Deus, tudo fica mais fácil. Mas seu trabalho é reconhecido, hoje, pelo povo de Porto Alegre com esta homenagem - e no ano passado recebida pela professora Isolda Paes. O segundo nome a receber o Prêmio é o Professor, educador Valério Menegat - talvez a sociedade se dê conta de que tem que olhar um pouco para o Pão dos Pobres, tem que olhar para aqueles que dedicam a sua vida aos seus semelhantes, para aqueles que acham que superar é preciso, e superam mesmo.

Eu pedi que a data fosse na véspera do seu aniversário, mas também por uma maldade, porque hoje é o aniversário do Presidente da Câmara Municipal, Ver. Luiz Braz. (Palmas.)

Na verdade, não foi maldade, não. Ele foi quem escolheu a data. Na homenagem ao Irmão Valério, a Câmara vai ao Pão dos Pobres, e não importa o dia.

De qualquer forma, nós queremos dizer, Irmão Valério, que nós o respeitamos, o amamos e acreditamos no seu trabalho. Fazemos votos de que amanhã, no dia do seu aniversário, o senhor continue acumulando juventude, continue com o mesmo entusiasmo, dizendo que problemas existem para que sejam solucionados. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Carlos Alberto Garcia pela Bancada do PSB.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Prezada comunidade Lassalista e amigos em geral. Quero agradecer ao Ver. Isaac Ainhorn pela gentileza em me ceder o seu espaço.

Irmão Valério, eu não podia deixar de estar presente neste momento, embora esteja passando por um processo de eleição na Faculdade de Educação Física, do  Instituto Porto Alegre - IPA.

Ontem, a Câmara fez uma homenagem ao Colégio São João e eu fiz questão de comentar que na Câmara de Vereadores, dos trinta e três Vereadores, nove têm uma presença Lassalista muito forte: ou foram alunos Lassalistas ou tiveram filhos  em escolas Lassalistas. Portanto, Irmão Valério, esse prêmio não é somente do Irmão Valério, mas tenho certeza que o é de toda a Ordem Lassalista, e está sendo dado ao senhor, que é um porta-voz da mensagem de São João Batista de La Salle.

Eu tive a felicidade de ter, por inúmeras vezes, durante os dezoito anos em que trabalhei no Colégio Nossa Senhora das Dores, um contato pessoal com o senhor, seja na época de provincial ou na época de Diretor do Colégio São João. Lembro dos inúmeros encontros nacionais de educadores Lassalistas, quando se preparavam os marcos iniciais, e o senhor era, sempre, uma daquelas pessoas presentes.

É sábio, porque conquista e sabe fazer amigos; é daquelas pessoas que sabe ser grande e simples ao mesmo tempo, e isso é muito difícil, isso é sabedoria. E nesses últimos anos em que o senhor tem estado nessa obra, nós sabemos que tem sido difícil, porque muitas e muitas vezes os recursos não chegam. Há uma passagem bíblica que diz que as aves do céu não plantam nem semeiam, e nem por isso Deus deixa de alimentá-las. Tenho certeza de que, por essa sua força de vontade e perseverança, o Divino Espírito Santo está sempre alimentando-o por intercessão de São João Batista e La Salle.

Em nome do Partido Socialista Brasileiro, declaro que o senhor realmente é uma figura de educador, educador na expressão maior da palavra. Parabéns ao Senhor e parabéns à Cidade, que merece homens como o Senhor! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn, pela Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu não tive a satisfação e a honra de ter estudado em escola Lassalista, mas, como cidadão rio-grandense, eu tive a honra e a obrigação de conhecer e de estudar a contribuição desta Ordem para o desenvolvimento social e educacional da nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso País. São noventa anos de um profícuo trabalho e, hoje, nesta memorável Sessão, a representação do Poder Legislativo da Cidade de Porto Alegre, com mais de duzentos anos de existência, comparece no coração da Cidade de Porto Alegre para uma justa homenagem. Irmão Valério, o senhor contribuiu para isso e hoje recebe o reconhecimento de um conjunto da população.

Esta iniciativa do Ver. João Dib mereceu a acolhida unânime da Câmara Municipal, pois ao lado da figura inesquecível daquela que empresta nome a esta titulação, Thereza Noronha, está - hoje a segunda pessoa a receber esta titulação, Prêmio Educação Thereza Noronha - o Irmão Valério Menegat.

Eu tenho acompanhado o seu estilo simples, tranqüilo e até “bonachão”, com a sua forma sincera de buscar apoio a esta Instituição. Tive a oportunidade de conhecê-lo no Rotary Club, que ele tanto ama e onde tanto o amam por toda a sua obra, pela integração do Rotary com o Pão dos Pobres e pelo que procura fazer. Aqui se realiza o trabalho educacional mais importante, fundamental, do aprendizado desses jovens que são acolhidos por esta Instituição e que daqui saem profissionais. Quem não sabe que quando um jovem humilde sai em busca de seu emprego, a referência da sua titulação profissional ter sido a do Pão dos Pobres, é uma carta maior de referência? Alguns anúncios chegam a mencionar a preferência por profissionais que tenham saído desta Instituição. Esse é o reconhecimento.

Portanto, Irmão Valério, expresso a minha satisfação e o meu orgulho de poder ser testemunha, neste final de tarde, do reconhecimento pelo seu trabalho e pela sua figura, que eu identifiquei há pouco com uma pessoa com quem eu conversava e que me falava da sua história nesta instituição, a Sra. Eunice Soledade. Ela referia-se à importância do papel que o senhor vem desempenhando no processo educacional nesta Instituição, sendo uma referência e um paradigma para outras instituições que querem buscar um aprendizado sério, responsável e sem demagogia, com simplicidade, com humildade, mas que preencha plenamente as suas finalidades.

Sei que o senhor é muito jovem e que tem uma longa trajetória de serviços prestados a nossa comunidade. Ainda sequer é um sexagenário e, hoje, ser um sexagenário, não significa mais nada. Antigamente era muito diferente, mas hoje está preparado para enfrentar os desafios da vida graças ao desenvolvimento da ciência e do conhecimento, que tem permitido os avanços das faixas etárias da nossa população.

Portanto, Irmão Valério, siga este caminho e nos ajude. O Senhor é uma referência, não só para a educação, mas também um paradigma para todos os homens públicos, que deveriam inspirar-se na sua figura simples, tranqüila e humilde e que deve ser referência a todo cidadão e homem de bem. Que o nosso Deus, do Velho e do Novo Testamento, o Deus único, continue abençoando a sua extraordinária e primorosa obra. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. João Carlos Nedel, pela Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Saúda os componentes da Mesa e os demais presentes.) Amigos e colaboradores do Pão dos Pobres, caros irmãos Lassalistas, Senhoras e Senhores. Depois de tão brilhantes discursos proferidos pelos Vereadores João Dib, Carlos Alberto Garcia e Isaac Ainhorn, cabe somente a leitura do Evangelho de hoje. “Naquela mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te, porque assim foi de teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o filho quiser revelá-lo. Felizes os olhos que vêem o que vós vedes, pois eu vos digo: muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes e não o viram, e ouvir o que vós ouvis e não o ouviram.” Essas são as palavras de amor de nosso Senhor Jesus Cristo para nós, hoje, dia do aniversário do nosso Presidente, Luiz Braz, e dia em que homenageamos o Irmão Valério Menegat.

O que nos diz de concreto o Evangelho para o dia de hoje, neste momento, nesta solenidade? Diz que o amor de Deus é revelado aos pequeninos. Este amor de Deus, que o Pão dos Pobres presta aos pequeninos, aos necessitados - e o Irmão Valério representa este amor de Deus apresentado aos pequenos - é a concretização do Evangelho do amor de Deus na vida real, hoje, em 1998. Está aí a concreta palavra de Deus, transformada no amor do Irmão Valério aos pequeninos. E o Evangelho diz mais: “felizes aqueles que estão vendo e que estão ouvindo” - que estão participando desta solenidade em uma homenagem para quem tanto ama.

Portanto, nós somos felizes por estarmos vivendo, hoje, com o Irmão Valério Menegat, esta homenagem que a Câmara de Vereadores presta, através da proposição do ilustre Ver. João Dib, meu colega de Bancada. Estamos jubilosos e em festa, só que o céu também está em festa e esta festa lá no céu é comandada por Calixto e Joana, que lá estão vendo o seu filho sendo homenageado, dizendo: Senhor, obrigado, porque pudemos transmitir esses valores, esse amor, ao nosso filho Valério. Eles também estão agradecendo a tantos quantos colaboram com o Irmão Valério no Pão dos Pobres. E quantos são! Sei que este trabalho é a concretização do amor de Deus para com os seus filhos.

Este ano os Lassalistas também estão em festa, Irmão Valério: o senhor também está comemorando os quarenta e cinco anos do seu ingresso no juvenato, em 1953, em Carazinho. Trinta e sete anos de vida dedicada à educação, trinta e três na direção de escola, e aí a justiça e a importância deste Prêmio conferido pela Câmara de Vereadores, proposto pelo Ver. João Dib.

Neste ano, João Batista de La Salle, fundador dos Lassalistas, não poderia imaginar os frutos de sua obra: noventa anos do Colégio Nossa Senhora das Dores, setenta anos do Colégio São João, o Prêmio Thereza Noronha dedicado ao Irmão Valério, e amanhã também estaremos festejando os cinqüenta e nove anos de vida do Irmão Valério, que está entre nós.

Gostaríamos de agradecer a Deus por nos ter dado o Irmão Valério e pedir que Ele continue nos protegendo e recompensando todo este amor que, a pedido Dele, o Irmão Valério comunicou a todos nós e, principalmente, aos pequeninos. Irmão Valério, muito obrigado! Temos certeza de que todos lhe agradecem, porque o Senhor está melhorando este mundo. Parabéns!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. João Dib para entregar ao Irmão Valério Menegat este título tão especial, concedendo-lhe o Prêmio de Educação Thereza Noronha por sua valiosa contribuição à educação. Contribuição esta que enriqueceu esta atividade, havendo reflexos em Porto Alegre, o que justifica este Prêmio votado pela Câmara de Vereadores, de acordo com a proposição feita pela Ver. João Dib.

 

(É feita a entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Irmão Valério Menegat.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Este é o ponto alto desta solenidade: a entrega do título dando o Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Irmão Valério; a presença do Ver. João Dib, autor da proposição, fazendo a entrega do diploma; e, principalmente, algo que, tenho certeza absoluta, é o mais esperado nesta solenidade, a palavra do homenageado. Sei que neste auditório, nestas paredes, estão gravadas muitas palavras sábias do Irmão Valério Menegat, mas por mais que todos já o tenhamos ouvido, há sempre aquele momento especial: o momento presente.

E este momento presente é especialíssimo porque, afinal, é o momento em que aquele reconhecimento, que há muito a sociedade de Porto Alegre faz ao Irmão Valério, é simbolizado neste Prêmio de Educação Thereza Noronha. Convidamos, nesta Sessão Solene da Câmara Municipal, aqui, no Pão dos Pobres, o Irmão Valério para fazer uso da palavra.

 

O SR. VALÉRIO MENEGAT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ilustríssimo Sagitário, digníssimo Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; ilustre amigo proponente, Ver. João Dib, com a cumplicidade de todos os Vereadores - disseram-me que foi senso comum, isto me honra. Dib, nosso querido ex-aluno Lassalista, de quem meus coirmãos muito se orgulham, aqui presente principalmente um deles, o teu antigo mestre, Irmão Arnaldo Isidoro. Você, Dib, permitiu, juntamente com seus comparsas, trocar meu nome de Valério Menegat para Senhor Pão dos Pobres. Peço a Deus, Antonio Dib, que nem o Antônio de Pádua, nem a inesquecível e emérita educadora Thereza Noronha, estejam aborrecidos com esta indicação.

Falo isto porque, segundo um grande filósofo, que não é do tempo de Sócrates, é nosso contemporâneo, provável futuro integrante do maior clube do Rio Grande do Sul - falo do Colorado, fundado com o auxílio do Pão dos Pobres, através do Irmão Pedro, o Barão de Canoas - um grande filósofo chamado Dunga, em uma de suas rompantes declarações, teria se expressado dizendo: “A força de uma alcatéia está na alcatéia, não no lobo”. Bota filosofia nisso! Por isso, me referi a Sócrates, “mutatis mutantis”.

Quero dizer que não sou o lobo deste acontecimento de hoje. Aliás, vamos fazer justiça ao lobo. Ele, na Sagrada Escritura, é vilipendiado, quando se fala do lobo e da ovelha; na literatura infantil quando, desde cedo, colocam nos nossos ouvidos: “Lá vem o lobo mau”. Na ciência do reino animal nos diz que o lobo é o animal mais querido, mais simpático, mais afetuoso para com a sua prole. Aliás, não digo isso à toa porque, muitas vezes, nós, cristãos, nós, homens de bem, alicerçados apenas no rótulo, cometemos grandes injustiças, grandes pecados contra o maior mandamento que Deus nos deixou: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. O lobo distingüido é o representante, na realidade, de uma extraordinária alcatéia, hoje constituída por uma plêiade de irmãos, professores, funcionários, pais, alunos, ex-alunos, benfeitores e amigos simpatizantes desta obra. Recuando aos primórdios dos anos de fundação, já decorridos cento e três anos, não tenho nem tempo, nem palavras, nem instrumento mensurador capaz de descrever e medir o mérito, o respeito e a eterna gratidão pelos serviços e pelo bem em prol das milhares de crianças que por aqui passaram. Aos já falecidos, que Deus os tenha em seu regaço; aos ainda vivos, que encontrem em nossos corações uma vontade, um desejo de erguer-lhes, nem que seja virtualmente, um “monumentaço” de respeito e gratidão.

Recebo, hoje, a distinção, o Prêmio Thereza Noronha, educadora emérita, e confesso que quando solicitam a minha profissão em documentos oficiais, hotéis, aeroportos, com muito orgulho e firmeza declaro-me: Professor! Preferiria dizer: educador! É pretensioso, mas é algo que faz parte do meu eu, da minha história. Herdei esse desejo desde minha tenra infância, pois meu pai, de saudosa memória, mencionado pelo querido Ver. João Carlos Nedel, foi professor, e impressionava-me que todos os dias voltava da escola acompanhado por um grupo de seus alunos, um com uma galinha em baixo do braço, outro com uma dúzia de ovos, uma com uma costela de porco, outra com um naco de carne, uma infinidade gêneros. Não posso esquecer um dia em que uma menina carregava uma bacia coberta com uma toalha límpida, e minha mãe perguntava-lhe: “O que é isso, minha filha?” Disse a menina à minha mãe: “Dona Joana, meu pai, ontem, fez uma baita passarinhada e guardou essa porção de sabiás para o professor Calixto fazer a janta, hoje à noite”. É que o Professor Lutzenberg, na época, não apitava nada na linha Curuçu, do recente emancipado Município de Nova Pádua.

Em todo caso, isso me fascinava e regava em meu coração o desejo de um dia ser como o meu pai. O Vereador Carlos Alberto Garcia, que me antecedeu, apoiado pelos seus colegas, solicitou o nome de uma rua a um ex-aluno de meu pai, Irmão Ângelo Meneguesi. Ele sempre se orgulhou de ser ex-aluno e, hoje, falecido há poucos dias, se tornou merecedor de uma rua em Porto Alegre. Meu pai, lá no céu, ouviu o que você falou e está contente por causa disso.

Sou de uma família de onze filhos, quase todos foram alfabetizados e introduzidos no campo do conhecimento pelo próprio meu pai. Eu escapei, graças a Deus. Sim, talvez tive sorte, porque também é fato verídico que cada dia um aluno diferente, ajudado por sua família, encarregava-se de levar à escola, em Curuçu, uma vara de marmelo. Do uso que o Professor Calixto fez da mesma, não tenho conhecimento. A vara de marmelo, no entanto, me faz, hoje, pensar e me traz à mente uma grande preocupação, e não só a mim, mas a todos os pais e educadores, porque deparamo-nos com situações freqüentes, freqüentes demais, como o advento do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, malcompreendido, erroneamente interpretado e que faz transparecer que hoje as crianças têm somente direitos e, absolutamente, nenhum dever. Sói, então, acontecer, que uma zelosa mãe, após comprovada traquinagem do filho, aplica umas palmadas nas regiões que, na ciência, na biologia, chamam de nádegas.

Ora, a tendência de toda criança, todo adolescente, é fazer prevalecer os seus direitos. Essa mesma criança, orientada - ou mal-orientada - toma a iniciativa de procurar um organismo de proteção à infância e adolescência, encontrando, infelizmente, alguns poucos profissionais, malpreparados, capazes de confundir nádegas com massa encefálica. O “rebu” está feito, porque nada mais perturba a cabecinha de uma criança do que a confusão entre um comportamento pautado no bom senso, no respeito aos mais velhos, no real conhecimento dos direitos e deveres, e a libertinagem ensinada nas ruas, pelas más companhias, provocando enfraquecimento, com tendência a extermínio sagrado e bíblico, do papel da autoridade paterna e materna e, por extensão, da autoridade dos educadores.

“Nem oito, nem oitenta”, diz o provérbio. Infelizmente - tenho certeza de que falo em nome dos educadores - muitas vezes passamos dos oitenta, vamos aos noventa, o que é uma catástrofe. Condecoração Thereza Noronha, educadora emérita. Completo, hoje, 37 anos de magistério, mas só que, hoje, me chamam de Pão dos Pobres, segundo a vontade do Dib e seus companheiros.

Permitam-me, então, dizer algo sobre esta Instituição. Asseguro-lhes que o Pão dos Pobres perpassou cem anos por um único motivo: sempre foi fiel aos ideários de seu instituidor Cônego Marcelino de Souza Bittencourt. Durante os oitenta e três anos, sob a direção dos Irmãos Lassalistas, desenvolveu-se sempre o mesmo processo pedagógico-educativo, por sinal, muitíssimo de acordo com o ideal de São João Batista de La Salle que, através de sua congregação Lassalista, há mais de trezentos anos presente em quase todos os países do mundo, devotou-se, e devota-se, à infância e à juventude, principalmente aos mais necessitados. O Pão do Pobres acolhe crianças, órfãos de fato ou de direito, pobres e de relativa sanidade física e mental. Enfatizo, aqui, “criança”.

Lembro de uma piada de um programa onde havia um político, que não era nenhum de vocês, e o repórter perguntava: “Senhor candidato, V. Ex.ª, com todos os seus programas sociais, onde ficou a criança de rua, a criança abandonada, a criança pobre?” E o político respondia: “Não, meu caro, não tenho um programa a curto prazo. Tenho um programa a médio e longo prazo”. O repórter perguntava: “Como fará isso?” Ele respondia: “Deixo passar oito, nove, dez anos, aí, a criança deixa de ser criança, se torna um jovem e está resolvido o problema”. Quero enfatizar “criança”, porque há cento e três anos, nesta casa, não houve nenhuma rebelião, nenhuma queima de colchão, nem sequer a queima de uma fronha. Por quê? Porque, mais do que nunca, me convenço de que o provérbio “De pequenino se torce o pepino” é verdadeiro, porque nesta casa também se trabalha. Trabalho, este ano, com jovens de 19, 20, 21 anos, baixa escolaridade, desempregados, meus queridos amigos, um horror, porque o “pepino” é torto, só mesmo esmigalhando, porque não tem mais jeito. Quero dizer que o Pão dos Pobres acolhe as crianças e as acompanha até concluírem, no mínimo, a 8ª série e, concomitantemente a esta caminhada, quando atingem quinze anos, realiza um curso profissionalizante de 1600 horas, capaz de devolvê-los à sociedade como bons profissionais e profissionais bons. Uma coisa é ser bom profissional, outra coisa é ser um profissional bom.

A preocupação constante do processo pedagógico, educativo e comportamental é alimentar-lhes o corpo, iluminar-lhes a mente, educar-lhes o coração e treinar-lhes as mãos. Não é à toa que estão estas duas imagens aí, uma é Santo Antônio de Pádua, ou de Lisboa, não sei se dá para ver, mas Santo Antônio tem aos pés um menino, a quem o Santo estende um pão. São João Batista de La Salle é outro padroeiro, não preciso explicar o porquê, mas São João Batista de La Salle, em todos os países do mundo, também é representado tendo aos pés um menino, a quem o Santo estende o livro, o pão e o livro. Com o pão e o livro encaramos a criança holisticamente – holos = todo - a criança em seu todo. Ou seja, sob a ótica das três dimensões da pessoa humana: a física, a psíquica e a espiritual, a transcendental e em suas três potencialidades: que são a inteligência, a vontade e a afetividade. Alimentar, iluminar a mente, educar o coração e treinar as mãos são quatro pilares, tal quatro pernas de uma mesa que, faltando uma delas, permanecerá totalmente desengonçada.

Educar o coração para o serviço ao próximo, para a honestidade, para a fraternidade, virtude que faz com que nenhum homem seja uma ilha, dominado pelo egocentrismo, totalmente inútil para a sociedade. O homem que não nasceu para servir, não serve para viver.

O Irmão Jardelino não está presente hoje, porque foi no enterro de um colega nosso, mas ele nos contava uma história muito interessante de um velho cacique que estava prestes a morrer, chamou os três filhos e disse: “Um de vocês haverá de me substituir. Subam à montanha, aquele que me trouxer um presente mais significativo, será o meu substituto”. No fim do primeiro dia, voltou o primeiro e trouxe uma flor não existente na planície, linda, maravilhosa. “Muito bem”, disse cacique. Mais tarde, chegou o segundo e trouxe uma pedra, uma pedra preciosa, também nunca vista pela tribo. “Muito bem, meu filho”, disse o cacique. Após dois dias, voltou o terceiro, de mãos abanando, e disse: “Pai, não lhe trouxe nada, mas olhando para o outro lado da montanha, vi lagos maravilhosos, planícies esplendorosas onde a nossa tribo, certamente, poderá se sentir muito melhor”. E o velho cacique disse: “Meu filho, tu serás o meu substituto, porque não pensaste somente em ti mesmo, mas pensaste em teus irmãos, em tua tribo, em tua comunidade”.

Quem não nasceu para servir, não serve para viver. O trabalho desta Instituição foi sempre abalizado na utopia de educar a criança para a perfeição, a utopia da perfeição. A perfeição é viável? Não, mas é uma utopia. Da utopia a gente se aproxima e, quanto mais, melhor.

Gostaríamos que todas as crianças aqui presentes chegassem à compreensão da história narrada na lenda do autor Antony de Melo, no livro La Oracion da La Jana. Perguntou um guru a seus discípulos se saberiam dizer quando acaba a noite e começa o dia. Um dos discípulos disse: “Guru, quando, olhando ao longe, entre a madrugada e a noite, posso distinguir um abacateiro de uma mangueira”. “Não!”, disse o guru. Um segundo, teria dito: “Quando, olhando ao longe, consigo distinguir um camelo de uma vaca”. “Não!”, disse o guru. E um terceiro - para não deixar o lobo fora - disse: “Quando, de longe, consigo distinguir o lobo de uma ovelha”. Disse o guru: “Não!” Impacientes, os discípulos disseram: “Está bem. Diga-nos, então, quando podemos distinguir o fim da noite do início do dia?” Dirigindo-se a cada um deles, respondeu-lhes o guru: “Quando você olhar para o rosto de um homem e o reconhecer como seu irmão; quando fixar os olhos no rosto de uma mulher e a reconhecer como sua irmã. Se não for capaz disso, não importa a hora que o relógio estiver marcando, para você será sempre noite”.

Obrigado, João Dib, obrigado, Vereadores, obrigado, Presidente, obrigado a todos vocês que nos prestigiaram com sua presença, irmãos aqui presentes, autoridades, companheiros e companheiras rotaryanos. Sou fã do Rotary porque, aqui dentro, com a nossa meninada, é um Rotary formado por adolescentes. Amo os rotaryanos, porque eles nasceram para servir.

Queridos ex-alunos. Luiz Braz, neste palco não dá para colocar a OSPA, mas antes, quando você me anunciou, quando o Dib disse que o Pão do Pobres teria a honra de receber a Câmara, não é o Pão do Pobres que vai à Câmara, é a Câmara que vem ao Pão dos Pobres, eu disse: “Não posso perder o meu Presidente, porque se ele sentar e cair o assoalho, vou perder o meu sagitariano”. Em nome de todos os meus colegas de trabalho, meus coirmãos, meus funcionários e professores - e, a pedido deles, quero dizer o seguinte: psicologicamente, vocacionalmente, emotivamente, estamos animadíssimos, meus queridos amigos, no atendimento de nossas crianças e jovens, talvez mais do que nossas forças nos permitam. Churchill dizia: “O que tenho para dar é só sangue, suor e lágrimas”. O que muitos dão aqui é sangue, suor e lágrimas, mas colhem disso muitas rosas e muitas flores.

Entretanto, queridos amigos, a nossa estrutura física está fatigada, está cansada. A carência de patrimônio encarna-se hoje em nós e nos desafia dizendo-nos “Reestruturem o Pão dos Pobres, tornem-no capaz de enfrentar mais um centenário!”.

Quero dizer que esta Instituição nasceu, foi construída e foi mantida pela sociedade porto-alegrense.

A história fala que, enquanto se construía esse prédio, que é uma obra do Lutzenberg, existia o Dia da Flor, onde as meninas do Bom Conselho, do Sevigné, desses colégios femininos, vários dias por ano distribuíam flores Porto Alegre afora e, em troca de uma flor, recebiam um donativo em espécie para construir esse monumento que a sociedade soube construir. Ele está cansado, mas nós estamos animadíssimos; é só o patrimônio que está cansado. Nós, sentindo esse apelo dos que nos passaram, olhando, agora, para um patrimônio que orgulha a nossa Capital - e refiro-me ao Mercado Público, digno de ser mostrado a qualquer turista que nos visite - vendo essa beleza arquitetônica, dizemos, para com os nossos botões: “sendo o Pão dos Pobres e o Mercado Público patrimônios históricos de rara beleza arquitetônica, sendo o Mercado Público um simpático lugar, onde podemo-nos refestelar em belos restaurantes ou passear por variadas bancas para adquirir desde o charque mais típico até o repolho, o peixe, não de muito agradável odor, um pequeno paraíso, por que o Pão dos Pobres, local onde perambulam diariamente mais de mil crianças e adolescentes pobres que se abrigam sob seu teto, recebendo alimentação, instrução e educação, não pode transformar-se em ambiente tão bonito?” Ousadamente, perguntamos: “por que o Pão dos Pobres não pode ser muito mais bonito do que o nosso bonito Mercado Público?”

Caros amigos, aqui permanecemos nós, os irmãos, os professores, os funcionários, alunos e ex-alunos, despertando todas as manhãs e sentindo o eco solidário de todos vocês e de todos os homens e mulheres de boa vontade e, como o autor do salmo 108,  gritaremos todas as manhãs, bem forte: “Toquem a harpa! Toquem a cítara! Toquem o tamborim e os címbalos! Porque queremos despertar a aurora de um novo milênio” - a aurora de um novo Pão dos Pobres. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Acredito que essas palavras, principalmente a parte final, do Irmão Valério Menegat, é um desafio lançado para todos nós. Uma certeza eu tenho, Irmão: os Vereadores de Porto Alegre - e aqui está um decano da Câmara Municipal, Ver. João Dib - terão o máximo prazer em aceitar esse desafio para tentar, de alguma forma, sensibilizar os outros setores da sociedade, a fim de que o que o senhor, hoje, disse, em termos de possibilidade, possa tornar-se uma grande realidade.

Também acredito que tanto os poderes constituídos como a sociedade como um todo, não podem, de forma nenhuma, olhar para esse grande patrimônio cultural da sociedade e, simplesmente, abandoná-lo ou deixá-lo nas mãos dessas pessoas abnegadas, que estão fazendo com que essa obra possa ter continuidade, mas por causa do sacrifício desses poucos que aqui estão.

Todos nós, Ver. João Dib, temos a obrigação, como representantes da sociedade, de aceitar esse desafio junto com o Irmão Valério. É claro que não temos as forças materiais capazes de fazer com que essa vontade do Irmão Valério e de toda a nossa sociedade possa transformar-se em realidade de uma forma rápida, como se fosse um passe de mágica. Mas tenho a certeza de que todos nós temos a possibilidade de fazer tudo aquilo que pudermos dentro da sociedade, toda a nossa força de representação possa ser colocada à disposição para que esse desejo - que não é só do Irmão Valério, mas de toda a sociedade - possa ser realizado talvez num prazo médio. O importante é que suas palavras possam sensibilizar pessoas; o importante é que, das palavras, possam existir as ações. E lá, na Câmara, temos homens de ação. Posso lhe dar a certeza absoluta de que a composição atual da Câmara Municipal serve de orgulho para toda a sociedade. Temos, hoje, um Parlamento, em Porto Alegre, que pode servir de exemplo para os parlamentos de todo o Brasil. Temos, hoje, uma estrutura enxuta, trinta e três representantes que sabem pensar muito bem a Cidade e que têm dado demonstração, com todo o trabalho que é executado na Câmara, de que a sociedade vive esse momento muito bem representada.

É por isso que acredito muito que essa composição que temos hoje na Câmara pode ser um pedaço desse seu exército, porque vai precisar de um exército para que todo o desafio possa ser levado a bom termo. Tenho certeza de que ninguém se furtará. Todos aceitarão o desafio, porque é para o bem de tantas crianças e da sociedade e para o futuro da nossa Cidade. Muito obrigado, Irmão Valério, pelas suas palavras, pela sua existência e por todo o trabalho de todos os irmãos e de todos os que laboram aqui na Instituição para que possamos ter uma sociedade melhor. Se não pudermos ter uma sociedade perfeita, temos que caminhar em direção a isso. Se hoje é uma utopia, quem sabe amanhã essa utopia estará mais próxima de todos nós. E isso será realmente a felicidade de todos os nossos filhos, de todos aqueles que vêm para habitar o planeta Terra e que têm que encontrar aqui um espaço mais confortável, um espaço melhor de permanência.

Vou convidar a todos para que neste momento final de Sessão Solene possamos, de pé, cantarmos o Hino Rio-Grandense.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense.)

 

Eu disse que estávamos encerrando esta Sessão Solene, só que temos, ainda fazendo parte desta solenidade, a apresentação dos Meninos Cantores de Porto Alegre, do Pão dos Pobres, sob a regência do Maestro Otto Folmann.

 

(É feita a apresentação do Coral.) (Palmas.)

 

Agradecemos a presença de todos e damos por encerrados os trabalhos desta Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h.)

 

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